Teriam algumas mulheres a capacidade de, mesmo sem intenção, atrair a
tragédia para si e
para os que a rodeiam? Em dois romances muito populares da
escritora inglesa Daphne Du Maurier, “Rebecca” e “Minha prima Raquel”, temos
direta ou indiretamente este conceito. A mulher vista como perdição para os
homens que dela se aproximam, que destrói tudo o que toca; um papel cruel
relegado a ela por diferentes sociedades em diversos períodos da história. Em tempos distantes muitas foram levadas a
fogueira ou condenadas a sofrer humilhações públicas por praticarem atos que
contrariavam o pensamento geral da sociedade.
Ser
mulher é carregar desde cedo muitas expectativas. Rebecca e Raquel tinham seu
papel definido na sociedade: esposas dedicadas que carregavam em si encantos
especiais, capazes de conquistar pessoas através da presença cativante. Mas ao demonstrarem a face oculta que a
sociedade condena, as duas receberam o mesmo julgamento, restando-lhes a morte
como ponto final para uma vida misteriosa e cheia de peripécias.
A Imagem da mulher como ser
dissimulado, capaz de usar seus atributos para conseguir o que quer, levou
muitas à fogueira no período de caça às bruxas, além de formar um conceito
desde cedo enraizado no qual o ser humano do sexo feminino tem em si uma
perversão natural e o poder de persuasão que pode levar homens a compartilharem
esta perdição.
Daphne Du Maurier apresenta, através
destes dois romances, duas personagens emblemáticas e deixa claro que, assim
como aconteceu com Capitu, Emma Bovary e Anna Karênina, a sociedade não
perdoaria o comportamento de Rebecca e Raquel, pois elas também pisaram em
terreno pedregoso e tiveram que pagar um preço por isso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário