domingo, 26 de fevereiro de 2012

Danielle Steel


Em toda a minha vida eu li apenas dois romances da famosa escritora norte-americana Danielle Steel. Quando eu era adolescente li "O segredo de uma promessa" e fiquei encantada com o enredo, embora entendesse que era bem fantasioso, parecia mesmo uma novela de TV ou um filme romântico.
Já na idade adulta, quanto eu tinha uns 23 anos, ganhei um outro romance dela de presente, na verdade veio para mim numa caixa, entre outros tantos livros usados. O título é "Um longo caminho para casa". Confesso que depois de ter me formado em Letras e escutar muitos comentários ruins acerca de autores como ela, senti uma ponta de preconceito e comecei a evitar a leitura. Não aceitava mais a ideia de uma autora se tornar personalidade conhecida e até mais importante que os próprios romances. Só agora, aos 26 anos, resolvi dar uma chance ao romance de Danielle Steel.
Confesso que fiz isso para aliviar um pouco minha mente, já que estava lendo "O Poderoso chefão" de Mario Puzo (que muito críticos julgam de forma pejorativa, assim como julgam Danielle Steel). Li o romance "Um longo caminho para casa" em apenas 6 dias, record para mim, já que costumo demorar na leitura.
Logo no início fiquei chocada, uma menina de seis anos se escondendo da mãe com medo de ser encontrada. Pensei que ela iria levar uma bronca, mas, ao invés disso, recebeu ofensas, humilhações, e o pior, chutes e pontapés que a deixaram caída no chão, sem forças para se levantar. E tudo isso sob olhar do pai, que no início acreditei ser mais uma vítima da horrível Eloise, que espancava a filha e a tratava como se estivesse num quartel, porém, com o caminhar da trama notei que John, pai da garotinha espancada, era um covarde e, com sua covardia, se tornava desprezível aos meus olhos.
A pobre garotinha, que por sinal se chama Gabriella, sofre as maiores atrocidades desde a mais tenra idade (sua mãe utiliza castigos físicos desde que a filha tinha pouco mais de um ano), o que faz com que, aos seis anos, já tenha experiência de vida suficiente para julgar o ser humano e tomar conclusões sobre sua própria personalidade. É como se ela tivesse vivido mais do que uma pessoa de quarenta anos que já tivesse participado de umas duas ou três guerras.
E o sofrimento da pobre menina não acaba...o pai dá a cartada final, abandonando a filha aos nove anos, aos cuidados da mãe violenta. Costelas quebradas, tímpanos feridos depois, A megera Eloise resolve abandonar a menina num convento, já que iria se mudar de Nova York para San Francisco para se casar com outro homem. Gabriella tinha apenas dez anos, mas já havia vivido e sofrido muito. Fiquem calmos leitores, o convento descrito no romance não é tenebroso como em muitos outros, pelo contrário, lá a menina encontra a paz, embora não consigo se livrar de seus fantasmas do passado.
Sob os cuidados de Irmã Gregória, Gabriella cresce tendo paz pela primeira vez em sua curta vida. Para fugir das atrocidades de sua vida com os pais, a menina havia desenvolvido o gosto pela escrita, o que a ajuda muito, pois ela entra na faculdade e se forma com louvor, embora tenha medo de se infiltrar no "mundo real", que já tanto a machucou.
Eu esperava a redenção, acho que estes romances da Danielle Steel têm o poder que causar esta angústia nos leitores. Achei que ela viria quando a doce postulante Gabriella (ela resolvera abraçar a vocação religiosa quando terminara a faculdade) conhece o Padre Joe Connors. Atlético, jovem, bonito, interessante, bem-humorado, o reverendo era o homem perfeito para trazer amor ao coração inocente de Gabriella. Eu, que sou católica, confesso que torci para que os dois ficassem juntos. Mas o amor por Joe só trouxe mais sofrimentos à jovem postulante, já que ele, assim como seu pai, não tivera coragem suficiente para assumir seu amor por ela, e acabou se suicidando quando ela ainda sonhava com o futuro matrimônio. Para piorar, Gabriella perde o bebê que esperava e quase morre, além de ter que sair do convento e dizer "Adeus" para as freiras que tanto a amaram e a ajudaram.
Quando nada poderia ficar pior, eu já havia desistido da tão sonhada redenção, do momento em que Gabriella finalmente seria feliz, afinal de contas, é isso que se espera de um enredo como este. Ela se hospeda numa pensão pobre, de propriedade de uma imigrante polonesa. Lá, conhece um professor aposentado idoso que logo se identifica com a jovem e passa a protegê-la, tornando-se seu confidente e ajudando-a na carreira como escritora; mas logo a pobre menina terá ainda outra decepção, o namorado, Steve Poter, é um explorador e tenta viver às suas custas, logo ela descobre que ele é um homem perigoso, procurado pela polícia. Para piorar, Gabriella perde o amigo professor (mas recebe uma herança dele). Quando Steve descobre que não pode mais enganar a jovem e não conseguirá tirar mais dinheiro dela, resolve matá-la, dando-lhe uma surra que a fez lembrar a infância dolorosa ao lado dos pais. Mas onde está "o caminho para casa"? Ao passar pelo setor de traumatologia de um grande hospital e ficar em coma por muito tempo, Gabriella conhece um médico que carrega algumas características do antigo amor, o finado padre Joe...ele também é bonito, bem-humorado e, melhor do que Joe, já que é um homem decidido.
Mas o romance entre os dois está apenas começando quando o livro termina e, o tal "caminho para casa" era, na verdade, alguma resposta que Gabriella teria de ter sobre o amor que seus pais nunca sentiram por ela.
Não me sinto arrependida pela leitura, mas acredito que falta alguma coisa. Não sei, acho que me senti assistindo a uma novela de TV mesmo, com suas reviravoltas, peripécias amorosas e "casos de família" singulares. Ao contrário do que procurava, esta leitura não foi leve, pelo contrário, em certos pontos foi bem pesada, já que conheci uma sucessão de tragédias na vida de Gabriella, que termina o romance com menos idade do que a que estou agora.
Sem contar nos inúmeros vilões que deixam Teresa Cristina no chinelo, afinal de contas, para a sociedade não há nada pior do que maltratos à crianças, especialmente filhos. E o que dizer de Steve Poter? Um charlatão da pior espécie, gigolô explorador de mulheres. Para ser uma novela de TV faltaria apenas um galã, pois o atormentado Padre Joe não seria classificado como tal devido ao desfecho que teve, e o médico bonitão aparece já no final do romance, falta-lhe tempo para desenvolver melhor sua relação com Gabriella e conquistar o público feminino leitor.
sabe o que eu imagino? Como seria uma novela de TV baseada nos romances de Danielle Steel. Se algum autor juntasse "O segredo de uma promessa", "Um longo caminho para casa", "Um mundo que mudou", "Porto seguro" (não li os dois últimos mas conheci o enredo através de filmes). Acho que seria uma boa trama, quem seria a protagonista? Qual enredo conquistaria mais o público? São perguntas que me faço neste momento...


2 comentários:

  1. LI HÁ MAIS DE DEZ ANOS ATRAS ESSE ROMANCE E ACHEI O MÁXIMO.FOI TALVEZ O PRIMEIRO LIVRO QUE LI E ME SENTI COMO SE ESTIVESSE DENTRO DA HISTÓRIA.TRAMA MUITO BOA.

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