quarta-feira, 6 de julho de 2011

O velho e o Mar - ( Ernest Hemingway ) - Enquanto houver sonho, haverá luta




Ao ler um romance intrigante, logo pensamos em como seria um filme baseado nesta obra. É possível produzir uma obra cinematográfica semelhante à obra escrita? Algum diretor ou algum ator conseguirá passar para a tela grande a emoção que o personagem passou no livro?
Quando as páginas de “O velho e o mar” de Ernest Hemingway chegam ao fim, temos a sensação se missão cumprida do velho Santiago exposta aos demais pescadores da enseada e a todos os leitores. Sentimo-nos exaustos depois de tamanha luta, que não se resume apenas a conservação da integridade física, mas também a conservação da integridade moral.
O velho Santiago parece frágil fisicamente no romance, diferente do senhor gordinho que o interpreta no filme. Mas a diferença física não dificulta a interpretação do protagonista Spencer Tracy, grande representante dos tempos áureos de Hollywood.
A pele queimada de Santiago destaca-se no filme ainda mais que no romance, retificando a sua imagem de homem do mar, que tem as águas como própria casa. Sendo o velho e o mar um romance “de um homem só”, que tem sua narrativa centrada num único personagem humano que tem como oponentes um peixe e o próprio mar, que serve de alento, mas também de perigo, o filme pode se tornar enfadonho para aqueles que não sabem apreciar uma obra reflexiva, que não é centrada apenas em intrigas tipicamente sentimentalóides do ser humano.
Mas qualquer obra da sétima arte, mesmo aquelas produzidas numa época mágica como a década de cinquenta, não consegue passar na sua narrativa, a intensidade cognitiva que o romance escrito passa. Os sonhos de Santiago, seus desejos de sobrevivência, a consciência de que o mais forte sobrevive na lei da selva, ou lei do mar, não são transmitidas plenamente no filme, pois para que esta emoção seja transmitida, precisa haver interação imaginativa entre o leitor e a obra, e esta interação é mais forte e completa quando podemos saborear as frases e cada momento de luta sozinhos com a nossa mente, assim como o velho Santiago está sozinho na sua luta no mar.

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