sábado, 16 de outubro de 2010

Amor à primeira vista - Falling in love


Quando dois dos maiores astros de Hollywood se encontram unem força a um enredo que foge aos estereótipos propostos pelo tema, temos um grande filme. Um grande exemplar desta mágica é o filme "Amor à primeira vista" (falling in love), do diretor Ulu Grosbard, com roteiro de Michael Cristofer.
O filme é do ano de 1984 e tem como protagonistas os dois grandes e brilhantes astros Robert De Niro e Meryl Streep, além de contar com Dianne Wiest, David Clennon e Jane Kaczmarek no elenco.
Frank Raftis é um engenheiro, casado e pai de dois meninos pequenos; Molly Gilmore uma decoradora autônoma, casado com um médico. Duas pessoas comuns que veem suas vidas aproximarem-se primeiro por acaso: na véspera de Natal, comprando os presentes para os esposos, acabam trocando os livros comprados na livraria repleta de clientes. Três meses mais tarde, encontram-se por acaso no trem, já que Frank deixou o carro na oficina para consertos e Molly tem que visitar o pai que está doente num hospital. Sem que esperassem, os dois começam a desejar que aqueles encontros se tornem frequentes e, quando percebem, já não se encontram por acaso e sim, por escolha. Só uma coisa perturba o recém-descoberto amor: os dois são casados e têm suas vidas ligadas as de outras pessoas.
É um genuíno dilema moderno que poderia ser contaminado pelos clichês que vemos todos os dias povoarem as novelas de TV que tratam deste tema. O enredo do filme, porém, não está contaminado com o maniqueísmo comum nas estórias da TV. Não há maridos carrascos nem esposas fúteis e extremamente ciumentas. O público não é levado a sentir raiva dos cônjuges, nem a torcer deliberadamente para que estes sejam abandonados sem piedade. São apenas pessoas normais, que levam uma vida pacata, cercada pela rotina da cidade grande. Óbviamente o público sentirá uma simpatia pelo casal que vive o romance proibido pela sociedade, mas esta simpatia não é horror as relações familiares particulares deles; esta simpatia vem do fato da relação não ser baseado apenas no contato físico, mas sim, no sentimento que surge sem ser programado, sem ser esperado. A resistência que Frank e Molly têm em se entregar ao amor à primeira vista, é a prova de que a possível traição iria ferir tanto a eles quanto aos respectivos companheiros.
Os conflitos psicológicos apresentados no enredo estão longe de propôr questões morais, esta não é a intenção do filme, pois a arte verdadeira não procura ser manual de bons costumes. O público, ao assistir "Amor à primeira vista" sente-se atraído pelo casal Frank e Molly, mas é provocado instintivamente a reflexões sobre as consequências daquele relacionamento na vida das duas famílias. Esta reflexão, porém, surge naturalmente, não é proposta pelo filme como uma obrigatoriedade para a preservação de nenhum conceito social ou moral.



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