quarta-feira, 21 de julho de 2010

Personagens que marcam - parte II

Segundo André Maurois, a notícia da morte de Charles Dickens no ano de 1870, foi recebida em todas as partes do mundo, como se fosse a comunicação do falecimento de um parente ou velho conhecido muito estimado. Um garoto, ao saber do fato, perguntou: "Dickens morreu? Então Papai Noel vai morrer também?" O garoto se referia ao "Conto de Natal" no qual Dickens criou o personagem Scrooge, um dos mais populares personagens da Literatura Inglesa e talvez, o mais avarento que já surgiu naquelas terras... Charles Dickens criou muitos personagens célebres, os infantis, por exemplo, sempre inspirados nas experiências pessoais do autor. Pickwick, David Copperfield, Oliver Twist, Pirrip (ou Pip, como era chamado)...são alguns dos sofridos personagens que, órfãos na sua maioria, sofriam nos orfanatos sombrios, eram rejeitados nas casas de parentes, ou tinham que trabalhar e aprender a "se virar" sozinhos desde muito cedo, na Inglaterra industrial e capitalista. Talvez o mais popular personagem de Dickens seja mesmo o avanrento velho Scrooge. Muitos assistem as aventuras de Tio Patinhas e seus sobinhos e não sabem que aquele personagem foi inspirado no velho Scrooge. As adaptações da história clássica de Charles Dickens são incontáveis. Há até mesmo as versões em forma de desenho animado, uma delas tendo o Tio Patinhas como protagonista.
Mas Dickens não é o único inglês a criar personagens célebres. As irmãs Brontë, embora tenham vivido pouco, criaram em seus poucos romances figuras lendárias e enigmáticas, como o casal Heathcliff e Catherine de "O Morro dos Ventos Uivantes". O casal protagonista do romance único de Emily Brontë, é talvez, um dos mais originais da Literatura Mundial, seus sentimentos eram intensos e o binômio amor/ódio era constante nas desventuras amorosas dos dois.
A mais velha da família Brontë, Charlotte, criou Jane Eyre, o estereótipo da mulher inglesa que precisava trabalhar e não era parte de uma sociedade aristocrata. assim como nas histórias de Dickens, Jane sofre no abandono de um orfanato e depois sofre mais ainda oa deparar-se com a vida solitária.
A caçula das Brontë, Anne, embora seja menos popular que as irmãs, criou uma personagem muito interessante no romance "A moradora de Wildfell Hall". Sendo o romance um dos primeiros libelos feministas da literatura, a protagonista Helen não aceita viver a vida inteira ao lado de um homem perverso e o abandona, fugindo com o filho e tentando a vida num lugar distante.
Outra mulher criou personagens muito interessantes na Literatura inglesa. Jane Austen criticava a sociedade de uma forma muito peculiar através de personagens masculinos como Sir Walter Elliot (de "Persuasão"), e personagens femininos como a Senhora Bennet (de "Orgulho e Preconceito").
Mas Jane sabia criar personagens sedutores também. O que dizer de Mr. Darcy? O encantador Gentleman, mesmo despertando ojeriza nas mocinhas de "Orgulho e Preconceito" no início, acaba consquistando a família Bennet e mais ainda, as leitoras.
Na Literatura francesa os exemplos de personagens célebres são incontáveis...mas, vamos começar pelo escritor que tinha como especialidade criar personagens em grande número: O escritor fábrica Balzac. Entre seus dois mil personagens (em torno) muitos tornaram-se marcantes, alguns não tanto pela qualidade da obra. Um exemplo disso é a "Mulher de trinta anos" que cunhou o termo "Balzaquiana". Até mesmo o escritor considerava este o seu romance mais fraco, embora tenha se popularizado justamente pela expressão. Mas, um livro ruim não mancha a carreira sublime de Balzac, exemplo disso é o romance "Eugenia Grandet" no qual ele cria um personagem que poderia bem competir com Scrooge de Dickens em termos de avareza...o Pai Grandet é tão avarento quando Scrooge, mas é menos caricato e por isso, menos exagerado, se assim se pode dizer, do que o personagem inglês.
A família Dumas também garantiu granes personagens à Literatura mundial. Dumas Filho usou também suas experiências para criar Marguarite, a bela e melancólica cortesã de "A Dama das Camélias". As prostitutas de luxo se tronaram então, figuras carimbadas na cultura mundial. O brasileiro José de Alencar escreveu "Lucíola" no qual a protagonista Lúcia/Maria da Glória é, assim como Marguerite, uma cortesão que não consegue se entregar ao amor puro.
Já Dumas Pai criou inúmeros personagens ligados a coragem e ao espírito de justiça que povoava a França naquele período. Grande exemplo são "Os Três Mosqueteiros" (que na verdade eram quatro - Athos, Porthos, Aramis e o mais popular D'Artagnan) , os irmãos trocados de "O Homem da Máscara de Ferro", os gêmeos unidos pelo flanco de "Os Irmãos Corsos", e Edmundo Dantès de "O Conde de Monte Cristo". Este último personagem criou o estereótipo do homem justo que, ao ser humilhado e traído, volta para se vingar dos que o oprimiram. Se fosse para falar das adaptações feitas para as obras de Dumas Pai, não conseguiríamos enumerá-las, tamanha a quantidade de versões que seus romances já ganharam no cinema, teatro e TV.
Estes são mais alguns dos personagens célebres que escolhi para exemplificar quão fértil e criativa é a mente de bons escritores, e também para mostrar a diferença de uma obra clássica que perdura por gerações, de obras de gosto duvidoso que povoam a cultura POP atual (não vou citá-las).
A próxima dissertação sobre os personagens célebres será com personagens da Literatura Brasileira.

2 comentários:

  1. Muito boa essa publicação de vcs amada. Eu vou estar esperando a próxima dissertação.
    Até mais.

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