terça-feira, 27 de abril de 2010

Cais - do - Sodré - Orlanda Amarílis


No conto “Cais- do- Sodré”, a cabo-verdiana Orlanda Amarílis conta um episódio da vida de Andresa, “patrícia” da autora. Vivendo em Portugal à quinze anos,ela encontra na estação uma mulher do Cabo-Verde, que se senta ao seu lado,seu nome era Tanha. Acontece um conflito psicológico quando Andresa se vê diante da conterrânea. Ela se sente inclinada a iniciar uma conversa, mas isso significaria a volta as raízes, um elo de ligação da imigrante com a África.
O enredo do conto mostra uma claramente uma situação muito comum aos africanos que vivem nos países colonizadores. Afinal, é possível manter-se as raízes, mesmo sofrendo a contaminação dos costumes europeus? É esse o drama de Andresa.
Para a protagonista, Tanha representa a pátria, na figura seca e sem carnes, como a África devastada pelos colonizadores. Por meio dela, Andresa relembra episódios e pessoas que pertencem ao seu passado. Algumas dessas lembranças estão fortemente ligadas à tradições e lendas africanas, como por exemplo, a estrutura familiar, a feitiçaria,entre outras.
O desfecho da história faz com que Andresa perceba que ainda existe algo que a liga à Cabo-Verde, mas, ela já não quer mais “ir com Tanha”, devido a contaminação com os costumes de Portugal. A inglesa que se senta ao seu lado, mostra que elas nunca será “européia”, mas sim, uma africana que vive na Europa.
“Cais- do - Sodré” apresenta uma linguagem moderna, (é uma africana que escreve na língua do colonizador), isso traz certa inclinação política. A ação é muito lenta, com pequenos Flash-backs, para as memórias de Andresa, que por sua vez, é uma personagem oscilante, que sofre com a dualidade do seu conflito psicológico: ora presa a terra natal, ora aos colonizadores. Tanha é a antagonista que serve de instrumento para o conflito da protagonista.
O tempo no qual a história se passa é cronológico e há personagens que participam apenas dos Flash-Backs. A narração é em terceira pessoa (apesar da “Narração” de Bia Antônia, relembrada por Andresa). O texto não chega a ter fluxos de consciência, mas sim, uma profunda análise dos sentimentos da protagonista.
Por esses motivos, “Cais-do-Sodré” merece atenção e destaque na literatura africana e mundial, condensando vários aspectos interessantes, da história, tradição e população da África.

2 comentários:

  1. Como faço para comprar este livro?

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  2. Infelizmente eu não tenho acesso a este livro, li apenas este conto quando estava na faculdade.

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