segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Quando a Literatura invade a TV brasileira...


Muitos espectadores reclamam da qualidade das atuais produções televisivas nacionais. Embora não desliguem seus aparelhos de TV, as pessoas sentem carência de qualidade nas novelas das pricipais redes de Televisão do país.
Novelas recheadas de clichês, minisséries que começam bem mas se perdem no meio do caminho, séries de humor que não respeitam a dignidade humana e vivem de piadas preconceituosas...são algumas das reclamações que ouvimos em qualquer conversa informal.
Algumas belas produções já digficaram a programação brasileira. O Escritor gaúcho Érico Verissimo por exemplo, já teve sua obra mais apreciada pela crítica adaptada em forma de minissérie: "O Tempo e o Vento" foi uma produção do ano de 1985 e contou com um ótimo elenco, como Glória Pires no papel de Ana Terra e Tarcísio Meira dando vida ao Capitão Rodrigo. No ínicio da década de 80, o romance mais popular de Érico Verissimo havia ganhado espaço entre a programação noturna...a novela "Olhai os lírios do campo" era baseada na obra homônina do autor.
Na década de 90, precisamente em 1994, o romance recheado de realismo fanstástico "Incidente em Antares", também do escritor gaúcho, era transformado em minissérie de grande sucesso. Alguns ingredientes da obra genial colaboraram para isso, a originalidade foi um deles. Alguém já havia visto alguma coisa igual na TV? Um grupo de mortos que resolve infernizar a cidade e os parentes exigindo o direito de serem sepultados, mesmo com uma greve geral no local?
Agora, se um escritor pode se gabar de ser o mais "adaptado", este autor é o baiano Jorge Amado. "Tieta", "Dona Flor e seus dois maridos", "Teresa Batista cansada de guerra", "Grabriela cravo e canela", são alguns dos grandes sucessos nos quais suas obras de transformaram ao serem reproduzidas na TV.
O genial Machado de Assis também teve obras transportadas para TV. Em 2008, a série "Capitu" trazia o enredo de "Dom Casmurro" para a telinha.
Outra obra de Machado, o romance "Helena" ganhou adaptação em duas emissoras de TV.
O romântico José de Alencar teve sua obra "Senhora" adaptada há muitos anos em forma de telenovela, recentemente, sua triologia de perfis femininos (Senhora, Diva e Lucíola) ganharam adaptação no mesmo formato, como o título de "Essas Mulheres".
Joaquim Manuel de Macedo foi outro romântico que teve a obra levada às telas da TV; seu romance mais popular "A Moreninha" possuía todas as características que pertitiram sua adaptação em forma de telenovela na década de 70.
A telenovela "Fera Ferida" do ano de 1993, foi baseada em personagens e tramas de Lima Barreto, principalmente nos romances "Clara dos Anjos", "Recordações do escrivão Isaías Caminha", "Triste fim de Policarpo Quaresma" e "Vida e Morte de M. J. Gonzaga de Sá" , al´me dos contos "Nova Califórnia" e "O Homem que Sabia Javanês". Outra característica importante era a presença de um personagem chamado Afonso Henriques, em homenagem ao escritor que tinha estes dois nomes. O personagem ficcional, assim como o real, sofria com o vício da bebida.
O romance "Grande Sertão Veredas" de Guimarães Rosa também ganhou vida na telinha em forma de minissérie, assim como outros romances de escritores nordestinos como "Riacho Doce" de José Lins do Rêgo e "Memorial de Maria Moura de Rachel de Queiroz. Este último sofreu duras críticas da autora, que reclamou da falta de fidelidade à obra original. Rachel de Queiroz chegou a afirmar em entrevistas que não conseguia encontrar seu romance naquela produção, pois apenas o título era fiel a saga de Maria Moura escrita por ela.
Nas décadas de 60 e 70, algumas TVs (muitas hoje já extintas), adaptaram para o público brasileiro obras estrangeiras, como "Os Irmãos Corsos" de Alexandre Dumas Pai, "O Morro dos Ventos Uivantes" de Emily Brontë, entre outros. Um caso muito conhecido é o do romance "A Cabana do Pai Tomás" de Harriet Beecher Stowe. Adaptado como novela entre os anos de 1969 e 1970, a produção gerou polêmica ao utilizar o ator Sérgio Cardoso pintado com tinta preta para protagonizar a telenovela como o escravo Tomás. A trama acabou se perdendo e hoje esta adaptação é lembrada como um grande desperdício, uma grande obra mal utilizada.
O português Eça de Queiroz também teve seu momento na TV brasileira, através das séries "O Primo Basílio" e "Os Maias", inspirados em suas obras homônimas.
Outro português que ganhou adaptação de seu romance em telas brasileiras foi Júlio Diniz. Seu romance mais popular "As Pupilas do Senhor Reitor" já teve várias adaptações, sendo a mais recente, do ano de 1994.
A grande riqueza de um país é a sua cultura. Adaptar obras grandiosas para a televisão, que é o veículo de comunicação mais popular no Brasil, é uma forma de popularização desta arte, embora a população deva ter consciência de que nada substitui a leitura dos livros originais. Os adaptadores também tem que ter respeito pelos autores dos romances e contos que vão adaptar, afinal de contas, a essência deve permanecer, mesmo que a ditadura da rapidez e do comérico televisivo peçam o contrário.


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