domingo, 13 de setembro de 2009

Uma Paixão no Deserto - Honoré de Balzac


O grande romancista francês Honoré de Balzac escreveu um livro de contos chamado "Uma Paixão no Deserto". Neste livro há um conto homônimo muito interessante e inovador.
Um fuzilheiro francês que estava sequestrado e consegue fugir, caminha pelo deserto solitário...procurando um lugar para dormir, acomoda-se numa gruta onde é supreendido por uma pantera negra. Deseperado com o perigo eminente, o solitário caminhante tenta agradar o animal com carinhos, para se livrar da morte.
A pantera fica seduzida pelas carícias dele e daquele dia en diante, passa a ser sua companheira de viagem, dormindo ao seu lado e dividindo momentos com ele.
Longas noites passam e o caminhante sempre abraçado à fera do deserto, sentindo o pulsar de seus corações próximos e temendo que um dia o instinto assassino do animal superasse a "paixão" que ela parecia sentir por ele.
Aos poucos, ele cria uma confiança na pantera e esta confiança não lhe permite mais ter receios sobre sua segurança ao lado da companheira.
Uma noite, porém, ao acordar de um sono pesado, o rapaz sente que a fera está se mexendo ao seu lado.
Assustado, ele toma uma atitude drástica matando a pantera com um punhal. Depois deste acontecimento, o caminhante se entristece e não consegue esquecer aquela que fora um dia, sua paixão no deserto.
Uma estória diferente que, contada com muita delicadeza, faz com que o leitor se envolva e se emocione com a relação de fidelidade e cumpricidade entre humano e animal.

A Viuvinha - José de Alencar


José de Alencar foi um mestre do Romanstismo brasileiro. Escreveu romances de todos os tipos: Indianistas, sertanistas, urbanos, de transição...as vezes com uma pitada de tímido Realismo, como nos perfis femininos de "Senhora", "Diva" e "Lucíola", outras com um Romantismo puro e tradicinal. Este é o caso do romance "A Viuvinha",um tradicioal folhetim do século XIX.
Um novio chamado Jorge vê sua vida vê sua vida transformar-se num inferno um dia antes do casamento. A vida desregrada antes de conhecer a doce Carolina, o fez contrair dívidas que fariam vergonha à esposa. Desesperado, o noivo sabe que não pode abandonar sua amada, pois, se caso o fizesse, ela ficaria ainda mais desgraçada. Ele resolve suicidar-se antes da lua-de-mel para livrar a esposa de um destino cruel ao seu lado.
Na noite de núpcias, ele oferece à jovem esposa uma taça de vinho que a faz adormecer enquanto ele foge e dirige-se a um precipício. Chegando lá, ele presencia o suicídio de um rapaz e não tem tempo para fazer nada para evitar.
Jorge resolve não se matar e adota o nome de Carlos para começar e novo e conseguir saldar suas dívidas e sua honra.
Como o jovem suicida ficara com o rosto deformado, todos o identificam como Jorge e Carolina, cheia de tristeza, envonve-se num vestido preto e passa a ser conhecida como a Viuvinha.
Passados cinco anos, Jorge, agora chamado Carlos, consegue o dinheiro que lhe restituirá a dignidade. Ele vai até a janela de sua amada e zela por ela por muitas noites. Se identificando como Carlos e sem nunca mostrar o rosto, o apaixonado marido conquista o coração de Carolina novamente, mas ela não consegue entregar-se a esse amor, pois ainda está presa a memória do "falecido" esposo.
Quando Jorge se identifica como seu marido, Carolina tem uma grande surpresa, assim como sua mãe, que acredita que a filha ficou louca quando ela lhe diz que está no quarto com o marido.
O desfecho do romance é feliz. Jorge recupera sua honra e pode enfim viver ao lado da sua sempre fiel e amada Carolina. É ou não é uma típica estória de amor?

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

A minha vida é um barco abandonado - Fernando Pessoa


O mar está sempre presente na Literatura. Aqui, Fernado Pessoa chora seu barco abandonado neste mar...



A minha vida é um barco abandonado
Infiel, no ermo porto, ao seu destino.
Por que não ergue ferro e segue o atino
De navegar, casado com o seu fado ?


Ah! falta quem o lance ao mar, e alado
Torne seu vulto em velas; peregrino
Frescor de afastamento, no divino
Amplexo da manhã, puro e salgado.


Morto corpo da ação sem vontade
Que o viva, vulto estéril de viver,
Boiando à tona inútil da saudade.


Os limos esverdeiam tua quilha,
O vento embala-te sem te mover,
E é para além do mar a ansiada Ilha.

Casamento - Adélia Prado


Já ouvi falar muito em casamento na minha vida, mas esta visão de Adélia Prado é muito original:



Há mulheres que dizem:

Meu marido, se quiser pescar, pesque,

mas que limpe os peixes.

Eu não. A qualquer hora da noite me levanto,

ajudo a escamar, abrir, retalhar e salgar.

É tão bom, só a gente sozinhos na cozinha,

de vez em quando os cotovelos se esbarram,

ele fala coisas como "este foi difícil"

"prateou no ar dando rabanadas"

e faz o gesto com a mão.



O silêncio de quando nos vimos a primeira vez

atravessa a cozinha como um rio profundo.

Por fim, os peixes na travessa,

vamos dormir.

Coisas prateadas espocam:

somos noivo e noiva.

sábado, 5 de setembro de 2009

O Retrato Oval - Edgar Allan Poe


Edgar Allan Poe é conhecido como o pai de um estilo diferente; a Literatura de horror psicológico, que não se vale de lugares e clichês assustadores, mas sim, de pessoas perturbadas em lugares normais. O conto "O retrato Oval" é uma exceção a esta regra. A estória se passa num castelo medieval abandonado, no qual um jovem senhor é obrigado a passar a noite acompanhado apenas de seu criado devido a condições do tempo.
Deitado no quarto assustador, ele se impressiona com um retrato de mulher, que tem uns olhos muito vivos. O jovem encontra um escrito contando a estória do quadro.
Naquele castelo, há muitos anos, vivia um casal muito apaixonado, um marido que amava depois a jovem e bela esposa. havia porém, algo que ele amava mais do que ela: a arte. O pintor passava horas com seus quadros, fazendo seus trabalhos e adorando a própria arte; isso deixou a esposa com ciúmes, pois ela entendia que a pintura era uma rival pior do que qualuqer outra mulher seria.
Cansada de perder espaço no coração do marido para a arte da pintura, a jovem esposa resolve oferecer-se como modelo para um de seus quadros. Ela pensava que desta forma iria ter todas as atenções voltadas para si.
Perfeccionista que era com seu trabalho, o marido pintor desejava que o retrato da esposa fosse a obra perfeita e por isso, procurou o melhor lugar e a melhor luz para sua modelo tão amada. Havia numa região do castelo uma fenda no teto, que traria uma ótima luz para a pintura; este foi o local escolhido para o trabalho.
A bela jovem permaneceu durante meses por horas e mais horas naquele lugar, enquanto o marido transferia para o quadro feições de seu rosto. O que ele não notava, entretido no seu trabalho, era que por aquela fenda, além de luz, entrava também ar frio e a esposa ficava a cada dia mais doente.
O amor pela pintura e pela confecção do retrato perfeito era tão grande que não permitia ao artista notar que a cada dia sua esposa definhava vítima de uma doença em consequência do frio que entrava pelo mesmo lugar de onde vinha a luz perfeita.
Chegou o tão esperado dia. O trabalho de muito tempo teria a graça de ser admirado tanto pela modelo quando pelo pintor. Enquanto finalizava seu quadro, o marido não tinha olhos para mais nada. Quando deu a última pincelada, ele voltou suas atenções para a esposa que estava caída morta, vencida pela moléstia que a acometera.
Poe utiliza neste conto uma característica psicológica no pintor que é comum a muitos outros personagens seus: a Obsessão. Obcecado pela arte, o artista a coloca acima de tudo, até mesmo daquele que é considerado pela humanidade o maior de todos os sentimentos: O Amor.
Esta é a diferença entre Edgar Allan Poe e outros escritores do terror. Ele consegue utilizar-se de clichês e ser original, não abandonado assim, a marca registrada em suas obras, que é o horror psicológico.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Comparando romances

É muito comum lermos um romance e termos uma impressão de "Já li alguma coisa parecida". As temáticas semelhantes, muitas vezes aproximam romances e fazem com que o leitor de um, tenha curiosidade quanto ao segundo.
"O último dos Moicanos" de James Fenimore Cooper foi publicado em 1826, tem como protagonista um valente e íntegro índio, último representante da sua tribo nos Estados Unidos. No Brasil, no ano de 1857, José de Alencar publica "O Guarani" que colocou na história da Literatura o mais europeizado índio dos romances brasileiros: Peri. Os dois romances são comparados pela temática parecida, a relação dos índios e brancos nos países colonizados, além dos protagonistas serem perfeitos heróis da pátria. Esta situação se explica pelo fato dos EUA assim como o Brasil estarem localizados no continente americano, não tendo portanto, um passado mediaval. Sem passado medieval, não existe o herói medieval, tão em voga no Romantismo europeu. O índio tomava então, traços europeizados e se transformava no "Bom selvagem".
Outros dois romances que podem ser aproximados são "A Dama das Camélias" do francês Alexandre Dumas Filho, e "Lucíola" do brasileiro José de Alencar. duas prostitutas se apaixonam por homens dignos, mas sem grande fortuna. O fim para elas não poderia ser outro; elas se sentem indignas de um amor estável e honesto e adoentadas, morrem, deixando aos seus amados somente a lembrança dos bons tempos passados juntos. O romance de Dumas Filho conta sua estória, seu envonvimento amoroso com uma cortesão francesa do século XIX. Já "Lucíola" faz parte da tríade completada por "Diva" e "Senhora", romances nos quais José de Alencar traçou os "perfis" das mulheres daquela época, fortes e decididas criaturas que só o amor conseguia vencer.
Eça de Queiróz foi por vezes acusado de beber na fonte de outros romances. Para Machado de Assis, o romance "Primo Basílio" seria uma cópia de "Eugenia Grandet" do francês Honoré de Balzac. Podemos comparar o romance "Primo Basílio" com "Madame Bovary" de Gustav Flaubert. Fugindo das polêmicas sobre plágio, podemos afirmar que os romances do português Eça têm uma inspiração nos franceses citados e também, algumas características muito particulares no enredo.
Um caso muito conhecido de romances tão próximos que deixavam viva a ideia de plágio é o de "Rebecca" da inglesa Daphne du Maurier lançado no ano de 1938 , e "A Sucessora" da brasileira Carolina Nabuco, lançado no ano de 1934. Carolina Nabuco sempre afirmou que ao encrever seu best-seller, Daphne tinha conhecimento do enredo de "A Sucessora" tendo lido um exemplar. O tema da segunda esposa sempre foi recorrente na Literatura mundial, estando presente em "Encarnação" de José de Alencar, "Jane Eyre" de Charlotte Brontë, "A dama dos rubis", de Eugenia Marlitt, "A intrusa", de Júlia Lopes...o enredo dos romances de Carolina Nabuco e Daphne du Maurier são mesmo muito parecidos. Duas mulheres jovens casam-se repentinamente com um viúvo mais velho e são atormentadas pela lembrança sempre presente da esposa falecida.
É muito difícil definir um plágio, a linha sutil que separa a inspiração e a cópia é mal compreendida em determinadas situações. Há temáticas universair que sempre estarão em uso e também há temas que em determinada época atendem as inspirações dos autores.
Ao escrever um poema, conto ou poesia, o autor estabelece uma relação com tudo que já conheceu em tremos de Literatura e isso deu origem a uma disciplina chamada "Literatura Comparada."

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Jane Eyre - Charlotte Brontë


O romance da mais velha das Irmãs Brontë é dramático, intenso e apaixonante. Tecido na mesma oficina rude que "O Morro dos Ventos Uivantes", "Jane Eyre" é também um romance diferente e sem classificação.
A jovem orfã Jane Eyre vive na casa da Tia que a odeia, além de ter que aguentar as surras do primo e as humilhações das primas. Aos dez anos, depois que vê a situação se tornar insuportável, a tia de Jane, Senhora Reed, concorda em mandá-la para um colégio, na verdade, um asilo para órfãs.
Depois de passar seis anos como aluna e dois como professora, Jane Eyre resolve procurar outros caminhos e coloca um anúncio no jornal se oferecendo como governanta e preceptora de crianças. Ela é contratada para trabalhar numa propriedade distante chamada Thornfield Hall e logo ela descobre que seria a preceptora da pequena Adèle, garota francesa protegida do dono da casa que estava ausente.
Numa noite em que Jane sai para caminhar, ela encontra-se com seu patrão e o salva de uma queda de cavalo.
A proximidade que surge entre os dois é intensa e Mr. Rochester pede jane em casamento. No dia das bodas, a surpresa: Rochester mantinha num quarto da propriedade sua esposa louca, que se chamava Bertha.
O século XIX foi um século puritano na Inglaterra Vitoriana. Os costumes eram levados a sério e para muitos, "Jane Eyre" era um romance forte, com um tema polêmico...isso porque eles não sabiam que era escrito por uma mulher. As três irmãs escritoras, sabendo da dureza e do preconceito da crítica quanto a seu sexo, usavam pseudônimos masculinos para publicarem seus livros.
Os personagens masculinos das irmãs Charlotte e Emily Brontë assemelhan-se em certos pontos. Fisicamente temos um Heathcliff fora dos padrões de beleza: moreno, de traços duros. Mr. Rochester, embora pertente de uma alta linhagem inglesa, tinha traços endurecidos.
Os dois amaram intensamente e, para viver este amor, foram além do que a sociedade permite. Mr. Rochester propõe um falso casamento à Jane, tendo como objetivo manter a existência da esposa louca em segredo, mesmo com as duas vivendo na mesma casa!
Muitos afirmam este romance ser a biografia de Charlotte. As Irmãs Brontë, assim como suas personagens, precisavam trabalhar e viver a custa do seu suor. Por isso talvez, suas obras foram mal compreendidas naquela época.